Sentada no sofá, embrulhada numa manta e acolhida pelas chamas provenientes da lareira, recordo o dia em que me deixaste. Não me perguntes porque te lembro agora, porque eu não sei concretamente, mas talvez seja a falta do teu corpo junto ao meu nos dias de frio. Talvez seja a falta que eu sinto dos dias de Inverno em que me arrastavas da cama cedo apenas para irmos dar um passeio de manhã, bem cedo, e apreciarmos a beleza do inverno. Ou talvez seja a falta que sinto dos imensos domingos que passávamos embrulhados um no outro, no sofá da sala e a vermos filmes e mais filmes, enquanto olhares e sorrisos apaixonados eram trocados entre nós. Mas nada disso aconteceu no primeiro dia de inverno, aquele em que me deixaste. Tu estavas tão frio como o tempo e tão distante como os dias de verão. Os teus olhos pareciam não ter nenhuma da vivacidade e energia a que me tinhas habituado e o teu corpo era a única coisa que parecia estar presente. E tu foste pragmático. Tu disseste que ...