Sendo humana, há muitas coisas das quais tenho medo e não tenho problema nenhum em admiti-lo. Contudo, há algo que me assusta mais que tudo o resto. A solidão é algo que me assusta e que tem realmente um impacto em mim.
Custa-me pensar em todos aqueles casos que idosos que morrem sozinhos em casa ou em camas de hospital ou que são abandonados num lar sem que nunca ninguém os vá visitar. Só por si, quando chegamos à velhice tornamo-nos pessoas mais solitárias, porque vamos perdendo os nossos amigos, o/a nosso/a companheiro/a; mas sermos, literalmente, abandonados pelas pessoas que nós amamos e que, supostamente, nos deviam amar também é algo que me revolta. Os pais cuidam dos filhos durante toda a vida - ou, pelo menos, até poderem fazê-lo; não mereceriam, no final das suas vidas, um resto de vida digno, feliz? Claro que mereciam. Ninguém merece viver sozinho/a, sofrer sozinho/a, morrer sozinho/a.
Mas há outro tipo de solidão que também me assusta. Assusta-me aquele tipo de solidão que sentimos que, mesmo quando estamos rodeados de pessoas, continuamos sozinhos no mundo. É isso que sentimos quando as pessoas que amamos nos deixam sem uma explicação. Se vão embora, ignorando tudo o que foi vivido, e nos deixam perdidos. Essa é a solidão que mais me mete medo. Porque viver, literalmente, sozinho é horrível, mas vivermos rodeados de gente e, ainda assim, sentirmos que estamos numa luta sozinhos e que ninguém nos compreende é ainda pior.
Por isso, eu só peço que todas as pessoas que são importantes para mim e que têm impacto na minha vida nunca me deixem. Peço que não se vão embora sem, pelo menos, uma explicação. Peço que não me deixem sozinha. E não peço isso só para mim; peço isso para todas as pessoas de quem gosto e peço que todas as pessoas que vivem sozinhas – literalmente ou não – possam recuperar a sua esperança e oportunidade de serem felizes.
Comentários
Enviar um comentário