Avançar para o conteúdo principal

Da tua Margarida



Lembro-me do primeiro Natal que passámos juntos. Foi pouco depois de termos ido morar juntos e, consequentemente, pouco tempo depois de me apresentares à tua família. Tiveste a brilhante ideia de que o Natal fosse cá em casa e que juntasse ambas as nossas famílias. Acho que nunca tive tanto medo na minha vida de que tudo corresse mal.

Eu sempre fui perfecionista, tu sabes disso melhor que ninguém, e eu queria que tudo naquela noite tão especial fosse perfeito e corresse às mil maravilhas. Mas a minha preocupação parecia estar a estragar tudo e se não fosse a tua calma habitual e o jeito em como sempre me soubeste acalmar, tudo teria corrido da pior forma possível e imaginária.

Sabes uma coisa? Foste sempre tu, sempre. Em qualquer situação, foste sempre tu que lá estiveste. Sempre que eu começava a stressar e a fazer tempestades onde elas não existiam, tu estavas lá, do meu lado, abraçando-me e fazendo-me parar um pouco para respirar e pensar claramente sobre as coisas. E acredito que, aos poucos, foste-me domando e tornando-me numa réplica mais energética de ti.

E, agora que já não estás mais aqui, eu tento fazer o papel que tu fazias. Sou a apaziguadora, aquela que acalma os outros e sou aquela que me acalmo a mim própria. Desde que tu… partiste, nunca mais encontrei alguém como tu e que te pudesse, de alguma forma, substituir. Penso em ti todos os dias e, agora, com a aproximação do Natal, esse pensamento tem-se intensificado e a falta que sinto de ti torna-se cada vez maior. Nem acredito que já faz seis meses que te foste e me deixaste aqui, neste mundo, meio perdida e à deriva.

Os teus pais convidaram-me, bem como aos meus pais, para passarmos o Natal todos juntos, em tua memória. Obviamente dissemos que sim, mas estou cada vez menos certa sobre se essa foi a decisão correta. Vai trazer-me demasiadas memórias e eu não sei se sou capaz de lidar com elas. Tu sabes como sou fraca, tu sabes que eu me irei abaixo. Mas eu vou fazer isto por ti, por nós. Eu sei que tu ficarás muito orgulhoso de mim, onde quer que estejas, se eu ultrapassar isto da melhor forma possível. Não vai ser a mesma coisa sem ti, como é óbvio, mas vai ser bom para que todos sejamos capazes de enfrentar o primeiro ano sem ti com mais força e garra.

Comprei-te um presente. Não sei se o dê aos teus pais ou se apenas o coloque debaixo da árvore daqui de casa e o deixe permanecer lá por tempo indefinido. Tenho de pensar sobre o assunto, mas, caso queiras saber, é uma daquelas camisolas de Natal com narizes salientes e luzinhas de Natal. Sei que irias adorar.

O Natal não vai ter o mesmo sabor, nunca mais, mas eu vou tentar continuar a amar esta época tanto como tu a amavas e vou continuar a vivê-la, mais ou menos bem, mas vou. Porque te amo, querido Vasco, e hei de amar eternamente.


Até à próxima carta. Cuida de nós daí de cima, por favor

Da tua Margarida

















Desejo-vos a todos um ótimo Natal, na companhia dos que mais amam e com muitos miminhos. 

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

1986 | Série da RTP

Já me questionei várias vezes e em diversas ocasiões sobre a época em que nasci, sobre as pessoas da minha geração e aquilo que temos em comum. Sempre que o faço concluo que devia ter nascido noutra época porque sei que penso de forma diferente da grande maioria das pessoas da minha idade. Não ouço a mesma música, não vejo os mesmos filmes nem séries, não desprezo o que é nacional, não abomino a escrita ou a leitura e até gosto de estudar, bem como não finjo ser o que não sou para agradar aos outros (apesar de às vezes achar que é melhor não dizer uma determinada coisa porque o meu ponto de vista não vai ser compreendido). Resumidamente, não estou a dizer que sou uma incompreendida – porque não sou – nem estou a dizer que sou uma alternativa – porque também não o sou – mas sei que sou um bocadinho diferente da generalidade da minha geração. Sempre gostei imenso de ler e de escrever, ouço quase todo o tipo de música e considero-me uma pessoa patriótica – e com isto não quero apena...

Top 3 dos Filmes de Janeiro

Olá, olá, dreamers ! Tudo bem? Fevereiro já começou há quatro dias e, embora com alguns dias de atraso, o post  que vos trago hoje é uma espécie de balanço do mês de janeiro. Um dos meus objetivos para este ano é ver mais filmes e ler mais livros e, uma vez que estive todo o mês de janeiro em casa, decidi dedicar-me bastante a isso durante este mês que passou. Assim, de entre todos os filmes que vi, decidi fazer um top 3 com os meus favoritos para partilhar convosco. Digo desde já que foi uma escolha difícil e, no final do post , irei mencionar mais alguns de que gostei muito.  Quero só fazer uma pequena ressalva para dizer que a disputa entre o primeiro e o segundo lugar foi muito renhida e que não estou 100% certa desta ordem, porque gosto imenso de ambos os filmes. Como são filmes muito diferentes, para mim é difícil estabelecer qual dos dois gostei mais, mas pronto... Lá teve de ser.  1ºlugar: A Star Is Born Este remake  de uma trágica histó...

4 coisas a não esquecer no 1ºdia de aulas

O mês de setembro já chegou e traz com ele o tão famoso regresso às aulas. Chega a altura de começar a comprar material escolar, de preparar tudo para o começo de um novo ano letivo e de começar a criar expetativas para o mesmo. Assim, começa hoje a série do blogue de Regresso às Aulas - 2019 . Vai contar com três posts, nos quais vou tentar abordar temas diferentes daqueles que são habitualmente abordados neste tipo de séries e daqueles que eu própria já fui abordando. (Se quiserem espreitar os posts  dos outros anos, basta acederem à etiqueta "Regresso às Aulas".) E sobre o que é que vos vou falar hoje? Vou relembrar-vos de  quatro coisas essenciais no primeiro dia de aulas , que não podem mesmo esquecer-se. Contudo - e agora aqui vem o grande plot twist deste post  -, as "coisas" de que hoje aqui vou falar não são propriamente "coisas". Vou partilhar convosco uma espécie de quatro "ingredientes" que são fundamentais vocês levarem no p...