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Era uma criança

(este texto foi inspirado num tema que a Kika Gonçalves, autora do Chamam-me Pequenita, me deu; espero que gostem)



Lembro-me de que sempre fui reguila. Não é bem lembrar, porque quando somos pequenos não temos noção do que fazemos, mas é assim que os meus familiares me descreviam. Era para ser um rapaz, dizem os meus pais, convencidos de que isso possa ser uma explicação.
Mas sei que também era mazinha. Contam-me que rasguei uma folha de um livro da escola da minha irmã e que lhe dei com uma vassoura na cabeça.
Acho graça a isso. Não ao facto de lhe ter rasgado o livro ou dado com a vassoura na cabeça, mas no facto de me comportar como está já estereotipado. Irmãs/irmãos não foram feitos para serem amigos durante a infância. Há que pigarrear, discutir, acusar, fazer birras… Afinal, o que é a infância sem tudo isso?


Tenho saudades. Não de ser reguila, porque como disse era demasiado pequena para ter noção de tal coisa, mas de ser criança. De poder fazer todas as asneiras e no fim ser sempre desculpada porque era uma criança. De poder discutir, pigarrear, acusar, fazer birras e tudo isso com a minha irmã livremente sem a minha mãe vir reclamar 'o que é isso? Já não são nenhumas crianças!' De ser demasiado inocente para compreender a maldade do mundo em que vivemos, para compreender que nem todas as pessoas são príncipes e princesas que vivem em castelos encantados, longe dos ogres e dos monstros. 

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