Avançar para o conteúdo principal

Momentos de Revolta #7 - A culpa não é da vítima!

Como é possível terem passado 3 anos desde a última vez que partilhei as minhas revoltas convosco? Seja como for.. I'm back!

Não é segredo para ninguém o facto de que vivemos numa sociedade hipócrita - todos sabemos perfeitamente que uma coisa é aquilo que as pessoas dizem e/ou fazem para parecer bem e outra coisa bem diferente é aquilo que as pessoas realmente pensam, dizem e fazem quando acham que "ninguém está a ver".

É muito bonito andarmos para aí a proclamar que os tempos evoluíram e que vivemos numa sociedade mais feminista, que dá mais poder à mulher e que a vê como um ser humano independente, igual ao homem, com os mesmos direitos e deveres. É muito bonito apregoar-se que a mulher já não é vista como um ser inferior, mais frágil, que já não é sexualizada pela sociedade. É bonito, mas não é verdade. 

Sim, claro que evoluímos muito quando pensamos em como as coisas funcionavam há 40 ou 50 anos, mas ainda não atingimos o ponto em que vivemos numa sociedade justa e equalitária entre géneros. Há muitos locais onde a mulher continua a não ter acesso ao poder, em que não é permitida a sua independência e em que os seus direitos e deveres são diferentes dos do homem. Continua a ser vista como um ser inferior aos homens e, sobretudo, continua a ser sexualizada e objetificada. 

Tudo isto por/para quê? Para chegarmos ao motivo da minha revolta.

Se, efetivamente, a sociedade apoiasse as mulheres como deveriam ser apoiadas, as colocasse no mesmo pedestal que os homens, não continuaríamos a ouvir coisas do género "ela é que se pôs a jeito", "olha como ela estava vestida, claro que foi violada", "vestem-se para chamar a atenção dos homens e depois queixam-se".

Mas, olhem lá, a culpa é da vítima? É ela que pede para ser violada? E o agressor? Coitadinho, esse só satisfez as suas necessidades imundas, não é? Não teve culpa nenhuma, cedeu aos instintos naturais. E porquê? Porque é homem.

CHEGA! BASTA! A culpa não é da vítima nem nunca será. 

Esteja eu de vestido curto e decote ou de saia até aos pés e gola alta, um NÃO é sempre um NÃO. Sexo não consentido é violação, ponto final! A culpa não é da vítima, não é ela que se põe a jeito. Se um homem pode andar vestido da forma que quer, por que é que isso não é verdade para as mulheres? Enquanto mulher, eu tenho o direito de me vestir da forma que eu quiser, como me sinto bem. Não é lá porque gosto de me arranjar melhor que o faço para agradar ou chamar a atenção dos homens - faço-o porque me sinto bem comigo própria dessa maneira. Não é porque coloco mais maquilhagem que me "ponho a jeito" de ser violada. Se eu usar mais maquilhagem é porque gosto de me ver assim e tenho o direito de me sentir bem como quero.

Seja a vítima uma mulher ou um homem, a culpa de uma violação nunca será dela, mas sim do agressor que não sabe respeitar a vontade da pessoa que lhe diz não. O direito de não consentir seja o que for é algo que nos assiste a todos e que só tem de ser respeitado. A culpa não é da vítima.

Enquanto educarmos as gerações futuras numa sociedade que culpabiliza a mulher/vítima por ter sido violada, continuaremos a ter homens/agressores a violar pessoas inocentes que não consentiram que acontecesse nada. Isto não pode acontecer. Vamos consciencializarmo-nos de que temos o direito de nos vestir como quisermos e nos apetecer, sem que isso seja sinal de que "queremos ser violadas". Vamos sair à rua sem termos medo de que apareça alguém a querer abusar de nós e a não respeitar a nossa vontade. 


“You know the tequila I drank will make it my fault, and whoever did this to me, whatever he drank, that’ll be his excuse.” 




Comentários

Mensagens populares deste blogue

5 coisas que me irritam

Olá, olá! Como está a ser esse início de um novo ano letivo, dreamers ? O meu está a ser muito preenchido, daí a minha pouca frequência por estes lados. Apesar do meu horário me dar algum tempo livre, estas duas semanas que passaram foram bastante ocupadas e a partir de agora não vai melhorar, porque vão começar a acumular as coisas para estudar e fazer. Seja como for, vou tentar aparecer por aqui com alguma regularidade, nem que seja com um post  por mês. No Instagram do blogue, vou tentar ser mais ativa e ir fazendo algumas publicações relacionadas com organização, dicas de estudo e assim. Parece-vos bem? Vamos agora passar ao que interessa! Todos nós temos uma "lista" de coisas que nos irritam profundamente, que causam aquela comichãozinha pelo corpo todo que nos entorpece e quase nos faz soltar uns belos palavrões em alto e bom som para todos ouvirem. Não neguem, todos já sentimos isso pelo menos uma vez.  Assim, no post  de hoje, eu partilho convosco o

"A Todos os Rapazes que Amei" | Review

Olá, olá! Adivinhem quem já está de férias? Exatamente, eu mesma! Por isso, podem-se preparar para que comecem a sair posts  com mais regularidade aqui pelo blogue. Durante o tempo de aulas é praticamente escusado tentar ler porque não consigo - não tenho praticamente tempo nenhum livre e, naquele que tenho, acabo por estar sempre tão cansada que não me apetece ler. Por isso, assim que entrei de férias, a primeira coisa que fiz foi colocar a leitura em dia. Acabei um livro que tinha pendurado há uns meses e iniciei A Todos os Rapazes que Amei , que estava pendurado na prateleira há uns meses à espera que eu lhe pegasse. Vamos lá começar esta review ? Ficha Técnica: Título:   A Todos os Rapazes que Amei (em inglês, To All The Boys I've Loved Before) Autora:  Jenny Han Género:  Romance Data de Lançamento:  Novembro de 2014 Sinopse: «Guardo as minhas cartas numa caixa de chapéu verde-azulada que a minha mãe me trouxe de uma loja de antiguidades da Baixa. Não são

À descoberta de Portugal... | S. Bento da Porta Aberta & Miradouro da Pedra Bela

Hey, hey! Como estão, dreamers ? Então, antes da rubrica de Regresso às Aulas, já tinha partilhado convosco alguns locais que visitei durante as minhas férias e tinha-vos dito que iria continuar a partilhar algumas coisas convosco. Assim, hoje vou mostrar-vos mais dois locais que visitei e que são ambos de uma grande beleza. Espero que gostem! O santuário de São Bento da Porta Aberta  é o segundo maior santuário em Portugal, atraindo milhares de visitantes, e fica situado entre o verde da belíssima serra do Gerês. Este santuário data de 1615, tendo começado por ser apenas uma pequena ermida; a construção do atual santuário teve início em 1880 e foi dada como terminada em 1895. É caracterizado pelos paineis em azulejo que retratam a vida de S. Bento e pelo retábulo em talha dourada. Mais recentemente, foi construída uma cripta, onde também se encontram painéis de azulejo, e o santuário conta ainda com uma Capela da Adoração, Capela das Confissões, Posto Médico, Parque de Merend